data-filename="retriever" style="width: 100%;">Sabemos que a violência contra a mulher é um fenômeno universal, que atinge todas as classes sociais, etnias, religiões e culturas. Geralmente, os agressores possuem uma relação próxima a elas. Com frequência, os boletins policiais retratam seus "companheiros". É evidente, portanto, que essas ocorrências são resultado das relações de poder construídas ao longo da história pela desigualdade de gênero, perpetuadas por uma cultura patriarcal e machista.
Como lutar contra essas barbáries? Existem vários caminhos, começando em casa, na educação dos próprios filhos, nas escolas, não aceitando gestos públicos que banalizam as violências e com políticas públicas eficazes. Quebrar a naturalização das situações de opressão das mulheres, enraizadas no imaginário social, é urgente e necessário. Não podemos admitir que elas se mantenham no silêncio, imposto pelos mecanismos que geram sentimentos de impotência diante de tantos abusos. Não é normal aceitar quieta e ainda pensar que a culpa, de alguma maneira, é sua. Acabar com as assimetrias de poder, que levam as desigualdades, tanto no meio doméstico quanto nos espaços públicos, é o mínimo que queremos.
Os estudos revelam que uma em cada cinco mulheres admite ter medo de alguém próximo a elas, e uma em cada três conhece outras mulheres que vivenciam a violência doméstica. É sabido que a violência contra a mulher tem impacto na vida da pessoa atingida, assim como de seus filhos e demais membros da família.
Apesar de conhecermos esses fatos, recentemente, um parlamentar de Santa Catarina disse querer escutar a versão do repugnante senhor que conduziu a Maria da Penha para uma cadeira de rodas. Esse que tentou assassiná-la com um tiro nas costas e, depois, eletrocutá-la enquanto tomava banho teria que versão? Foi sem querer? Na época, a criatura mentiu para a polícia que foi uma tentativa de assalto, explicação desmentida logo após pela perícia.
É importante ter claro que não são dois lados da mesma moeda. Não existe simetria enquanto uma pessoa foi vítima de tentativa de assassinato. Não há termos de equiparação que justifique ouvir a versão de um violador dos direitos humanos.
O caso Maria da Penha é representativo para muitas que vivenciam a violência no seu cotidiano e são tidas como loucas e, portanto, preferem o silêncio para não serem julgadas. A coragem dessa grande mulher, de lutar quase 20 anos por justiça, para seguirmos em frente na busca por igualdade, é um grande exemplo para nós. A Lei 11340/2006 cria mecanismos efetivos de combate à violência contra as mulheres, estabelecendo medidas de prevenção, assistência e proteção. Trata-se de importante ferramenta para que procurem ajuda e vivam com o mínimo de dignidade.
Querer ouvir e dar voz a homens que não valem nada é, no mínimo, absurdo. Vale lembrar, que uma das conquistas mais importantes, a partir da luta da Maria da Penha, são as delegacias da mulher, as quais, ainda hoje, se constituem na principal política pública de combate à violência contra as mulheres e à impunidade.
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